12 de novembro de 2015

A busca da Qualidade

O termo Qualidade no âmbito da teoria e prática da Administração moderna foi cunhado no início do século XX, especialmente com a técnica de produção em massa idealizada por Henry Ford. O conceito de Qualidade estava atrelado à época a padrões de trabalho, reduzindo custos fixos na escala de produção, tornando os preços competitivos e aumentando significativamente a lucratividade.

Por volta da década de 50, mesmo destruídos no pós-guerra, os japoneses da Kodak empreenderam alto investimento em pesquisa e desenvolvimento numa câmera fotográfica de última geração, com várias tecnologias que sem sombra de dúvida iriam revolucionar esse segmento de mercado. No entanto, o projeto foi um fracasso! E nos perguntamos como um produto tão tecnológico, caro e objeto de pesados investimentos deu errado? A resposta, hoje simples, é que basicamente o cliente (leia-se, mercado), não queria esse produto. A empresa que decidiu que o produto era rentável.

A partir daí, e logicamente estamos simplificando os fatos, a Qualidade se voltou de fato para quem interessa: o cliente! Atualmente já são um sem número de teorias, técnicas e ferramentas desenvolvidas, especialmente o Marketing, o 5S, Seis Sigma, Diagrama de Ishikawa, Controle Estatístico de Processos (CEP), dentre outros. Os clientes passaram a ser a menina dos olhos das empresas, tornando-se a saída dos seus principais macroprocessos críticos.

Voltando à época de Henry Ford, na década de 50 a produção em massa já se tornara comum nos países de todo o mundo, deixando de ser uma vantagem competitiva. Foi nesse contexto que Eiji Toyoda, um jovem engenheiro japonês, após conhecer a maior fábrica da Ford, desenvolveu o Sistema de Produção Toyota e a produção enxuta. Trata-se basicamente de um modelo que busca a extrema eliminação de desperdícios e, embora seja objeto de curiosidade até hoje por estudiosos e organizações, muitas empresas ao redor do mundo já tentaram copiá-lo, mas não se trata de uma receita de bolo e sim de uma radical mudança de cultura, por isso há décadas a Toyota mantém altos indicadores de lucratividade (para quem tiver interesse, indico o livro “A máquina que mudou o mundo”, de James P. Womack).

A partir da década de 80 as indústrias japonesas invadiram o mercado norte-americano e tomaram a liderança das gigantes como Ford e GM. O Governo americano não ficou parado e fomentou estudos para diagnosticar a crise e desenvolver projetos e planos de ação para trazer novamente vantagens competitivas às empresas do Tio Sam. Surgiu então o Prêmio Malcolm Baldrige National Quality Award (MBNQA), que apontou as melhores práticas de gestão de empresas classe mundial e premia organizações que buscam esse nível de maturidade. Essas ações alavancaram a competitividade do mercado norte-americano e mundial, difundindo outros modelos mundo afora, como o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) no Brasil, o European Quality Award (EQA) na Europa e o Deming Prize no Japão.

Atualmente o conceito de Qualidade já não se concentra mais só no cliente, mas na busca do atendimento às necessidades e expectativas de várias partes interessadas das empresas como a direção, conselheiros, força de trabalho, sociedade e fornecedores. É uma difícil equação atender todos esses agentes.

Importante registrar o quanto a cultura japonesa contribuiu para a evolução dos sistemas de gestão atualmente. Para quem tiver interesse sobre o assunto, recomendo estudar o modelo da produção enxuta, ou lean thinking, e o Sistema Toyota de Produção – há vasta bibliografia sobre o assunto.

O que a contabilidade tem a ver com tudo isso? Bem, acredito que se estamos falando de gestão, então o assunto se relaciona com tudo à nossa volta. Além do mais, existem Prêmios Regionais e Estaduais de Qualidade, inclusive focados para Micro e Pequenas Empresas, fruto de todo esse processo, o que surge como uma boa oportunidade para melhoria da maturidade de gestão de empresas de assessoria e consultoria contábil. Já está provado por pesquisas que organizações que estão nesse processo alavancaram sua lucratividade e seu modelo de gestão.

Fonte: Anderson Paulo - Redial Assessoria Contábil

Veja mais artigos

Redial © 2015. Todos os direitos reservados.